quinta-feira, 12 de abril de 2018

Merlí

Depois de suar um pouco, vamos de Merlí. Estou viciada nessa série até sigo os atores no Insta e no Twitter.



By Omelete

Produzida pela TV3 e exibida pela primeira vez na Espanha, Merlí é uma das melhores compras que a Netflix fez em 2016. Criada por Héctor Lozano e dirigida por Eduard Cortés, a série falada em catalão tem três temporadas e cumpre muito bem com sua premissa: mostrar como a filosofia pode ser apaixonante e divertida, sobretudo quando a história é conduzida por um professor nada convencional em seus métodos de ensino e algumas vezes até imoral em seu comportamento. 

As muitas camadas do professor Merlí Bergerom (Francesc Orella) são apresentadas logo no início da trama, quando ele passa a morar com a sua mãe, depois de ser despejado do apartamento. A primeira impressão é de estarmos conhecendo um personagem que não tem senso nenhum de responsabilidade com a vida - por ser uma série que trata de filosofia, cria-se a expectativa de que ele seria mais sensato.
Claro, ao longo dos episódios tudo se justifica. Mesmo com a sua personalidade desajustada às convenções sociais, com o tempo, o personagem se mostra um professor cativante e muito preocupado com o senso crítico dos seus alunos. É uma bela metáfora para os ensinamentos do filósofo Sócrates, que pela dúvida, estimulava os cidadãos de Atenas a olhar além das aparências, a buscarem sempre a verdade.
Este ensinamento, permeia toda a série. Se os conflitos dos personagens parecem cair no clichê - o filho do professor que está descobrindo sua sexualidade, a garota que não lida bem com a família, o aluno que não vai para a escola por ter sofrido bullying, e tantos outros que estão presente na história - é por que servem mais como uma base para a desconstrução reflexiva e criam o gancho central da trama: filosofar.
É por isso também que cada episódio tem o título de um período histórico da filosofia ou o nome de um filósofo. Tudo é muito didático, mas sem parecer panfletário. O modo que o professor Merlí ensina, é tão bem-humorado e simples, que vamos nos entrelaçando com a vida daqueles alunos. Quando menos se percebe, estamos apaixonados e ansiosos por conhecer mais de filosofia e suas histórias. 

A série acerta em cheio ao usar a linguagem do humor, com piadas pontuais e diálogos bem construídos, fazendo de cada episódio um convite para rir e se emocionar. A filosofia é desmistificada, mostrando que o conhecimento vindo dos gregos, não precisa ficar só com os eruditos, mas também pode passar pela nossa rotina diária de meros mortais.

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