Rudy não demorou a tirar a moeda do bolso e colocá-la com firmeza no balcão. Olhou diretamente para os olhos de Frau Diller, coberto pelos óculos, e disse:
- Balas mistas, por favor.
Frau Diller sorriu. Seus dentes se acotovelavam para arranjar espaço na boca, e sua gentileza inesperada fez com que Rudy e Liesel também sorrissem. Por pouco tempo.
Ela se inclinou, procurou alguma coisa e reergueu o corpo.
- Pronto - disse, jogando uma única bala no balcão. - Misture você.
Do lado de fora, eles a desembrulharam e tentaram parti-la ao meio com os dentes, mas o açúcar estava duro feito vidro. Duro demais, até para as presas animalescas de Rudy. Em vez disso, tiveram que alternar chupadelas até a bala acabar. Dez chupadelas para Rudy. Dez para Liesel. Para lá e para cá.
- Isso é que é boa vida - anunciou Rudy, a horas tantas, com um sorriso de apreciador de doces - e Liesel não discordou. Quando terminaram os dois tinham um tom vermelho exagerado na boca e, ao caminharem para casa, lembraram um ao outro de ficar de olho aberto, para o caso de acharem mais uma moeda.
Naturalmente, não acharam nada. Não se pode ter uma sorte dessas duas vezes num ano, que dirá numa única tarde.
Mesmo assim, de línguas e dentes vermelhos, os dois desceram a Rua Himmel, vasculhando alegremente o chão na passagem.
Tinha sido um dia genial, e a Alemanha nazista era um lugar maravilhoso.
Markus Zusak em a menina que roubava livros
Aqui vou colocar minhas andanças pela vida, pela literatura, pelo cinema, enfim por todas as coisas e lugares que passei, passo ou passarei.
sexta-feira, 28 de março de 2008
Um momento puro e de companheirismo
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário